Para relembrar, no post anterior vimos um pouco sobre os processos morfológicos que ajudam na constituição do vocábulo formal, e agora veremos sobre algumas unidades que formam a palavra. Veja os exemplos abaixo:
PEDRA
PEDREIRO
PEDREGULHO
APEDREJAR
PEDRARIA
Observando essas palavras, o que elas têm em comum? É o elemento - pedr que aparece em todas as palavras, e é chamado de radical, pois indica o significado básico da palavra. Para Valter Kehdi "o radical corresponde ao elemento irredutível e comum às palavras de uma mesma família". Quando um grupo de palavras têm o mesmo radical são chamadas de palavras cognatas, como é o caso das palavras acima.
Ainda observando o grupo de palavras, podemos verificar outro elemento constituinte do vocábulo: a raiz. A raiz tem por definição ser um morfema primitivo, originário que trás consigo o núcleo do significado e que permite que mesmo unido à outros elementos seja possível que identifiquemos seu significado, nesse caso a raiz das palavras acima também é -pedr.
Agora observe o seguinte grupo de palavras:
DESMENTIR
RELEMBRAR
RELEMBRAR
FELIZMENTE
CRUELDADE
Vamos analisar agora os morfemas em vermelho. Eles são chamados de afixos pois se juntam ao radical para formar novas palavras. Eles podem ser inseridos a frente (prefixos),no meio (infixos) e atrás (sufixos). Vale lembrar que eles não têm a função de flexionar as palavras, mas sim formar novas.
Outro elemento fundamental na construção das palavras são as desinências. Esses morfemas têm a função de flexionar as palavras variáveis. Podem ser divididas em desinências nominais e verbais. As desinências nominais indicam as flexões de gênero e número, já as verbais flexionam os verbos em número, pessoa, modo e tempo. Como por exemplo:
MENINAS – desinência nominal de número ALUNA – desinência nominal de gênero
FALÁVAMOS – desinência modo- temporal – desinência número-pessoal
FALÁVAMOS – desinência modo- temporal – desinência número-pessoal
Por último, vemos as vogais temáticas. Elas são acrescentadas a raiz ou ao radical para que a palavra possa ser flexionada. Para Kehdi elas também podem ser divididas em nominais ou verbais.
Nominais (A,E,O) → aparecem quando não há variação de gênero ou de número. Por exemplo: dente, pente, casa, corpo.
Verbais (A, E ou O, I) → indicam qual é a conjugação do verbo. Respectivamente, 1ª, 2ª e 3ª conjugação.
Agora veja essa tirinha da Mafalda:
Podemos ver que o humor da tirinha acontece por causa do uso confuso das palavras. O amigo de Mafalda começa a conversa com uma frase que sozinha não tem o menor sentido e depois a palavra amassa se confunde com massa, o que cria um problema de interpretação. Por isso, no final Mafalda classifica a conversa como uma conversa literária...
Aplicando ao que vimos nessa postagem, podemos observar que o prefixo A muda o significado da palavra, pois quando ele está junto com massa, significa o verbo amassar, mas quando está separado tem função de artigo e significa a massa que normalmente utilizamos para fazer tortas, bolos, salgados... Portanto, assim podemos ver a importância dos elementos morfológicos na construção das palavras.
Aplicando ao que vimos nessa postagem, podemos observar que o prefixo A muda o significado da palavra, pois quando ele está junto com massa, significa o verbo amassar, mas quando está separado tem função de artigo e significa a massa que normalmente utilizamos para fazer tortas, bolos, salgados... Portanto, assim podemos ver a importância dos elementos morfológicos na construção das palavras.
Oi, Thaiza. Tua postagem está boa, gostei muito do uso da tirinha da Mafalda. Parabéns! Mas como você não pôde comparecer a algumas aulas, faltaram justamente as visões de Aronoff e Haspelmath sobre raiz e radical, que são as visões adotadas em nosso curso de Morfologia e que foram trabalhadas em sala de aula. Por isso, sugiro que você leia os slides das aulas que postei no facebook. A visão do Kehdi que você apresentou serve de comparação teórica, ok? Outros pontos: não temos infixos no português; desinências, em nosso curso, chamamos de afixos mais gramaticais. Assim, os morfemas de "meninas" são raiz {menin-}, sufixo de gênero feminino {-a-} e sufixo de plural {-s}. Os morfemas de "aluna" são raiz {alun-} e sufixo de gênero feminino {-a}. É importante frisar que o feminino, no português, é marcado. Já o masculino, em português, não é marcado, assim em "menino" o {-o} é vogal temática, NÃO sufixo de gênero, certo?. No verbo "falávamos", temos raiz {fal-}, vogal temática {-a-}, sufixo modo-temporal {-va-} e sufixo número-pessoal {-mos}. Abraços :)
ResponderExcluirAh, em "pedregulho" podemos considerar, sincronicamente, {pedreg-} como alomorfia da raiz {pedr-}. Abraços :)
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