domingo, 28 de abril de 2013

A grande variedade das línguas





     A língua tem uma enorme importância para a sociedade. Além do caráter comunicativo, a língua engloba aspectos sociais, culturais e até mesmo econômicos. O grande autor Roland Barthes, escreveu: "A linguagem é como uma pele: com ela eu contacto com os outros." Como é bom saber que no mundo temos uma variedade linguística enorme!
    Por causa dessa grande variedade, percebeu-se quão fundamental era classificar, de alguma maneira, essas línguas. E é sobre isso que falarei hoje...  Como esse blog propõe abordar os temas da morfologia de um modo mais simplificado, começaremos por um tema muito importante dentro dessa área, que é a tipologia morfológica.
    Segundo o dicionário online Aurélio tipologia é o “estudo dos traços característicos de um conjunto de dados, visando determinar tipos, sistemas.”  Visto isso, de que trata então a tipologia morfológica? Esses estudos morfológicos, relacionados a tipologia, tiveram início com Adam Smith (1761) e se desenvolveram a partir do século XIX, sobretudo na Alemanha, por meio dos irmãos Freidrich e August Schlegel. Segundo Greenberg, (1974, apud PRIA s.d) os primeiros registros do termo 'tipologia' na literatura linguística datam das teses apresentadas pela Escola Linguística de Praga no Primeiro Congresso de Filólogos Eslavos. As definições linguísticas partem da hipótese de que as línguas naturais variam, sendo possível, no entanto, considerar várias dependências dentre as propriedades variantes e propor “tipos”. A respeito do objeto de estudo, dizemos que essa área se preocupa em tipificar (como a própria palavra diz) as línguas do mundo, atribuindo-lhes características. Veremos agora quais são essas tipologias e alguns exemplos.

A primeira de que falaremos é língua isolante (ou analítica). As línguas que tendem* a ser isolantes têm uma característica peculiar. Todas as palavras dessas línguas são raízes, não possuem flexão e não podem ser segmentadas, por isso tendem a ser mais tonais. Como por exemplo, o vietnamita e o chinês. Existem também as línguas aglutinantes, que combinam raízes e afixos diferentes para expressar relações gramaticais, como por exemplo, o turco, o japonês e o húngaro. Outra classificação engloba as línguas flexionais ou sintéticas, que combinam raízes com elementos gramaticais, formando palavras que não podem ser segmentadas na base de ‘um som e um significado’, ou um afixo para cada significado como é o caso das aglutinantes. Ou seja, cada morfema contém muitas informações. Esse é o caso da nossa querida língua portuguesa, e também do russo.

Segundo a proposta de Humboldt (1836), existe uma quarta classificação: línguas polissintéticas/incorporantes, que têm a característica de elaborar em uma única palavra muitos morfemas que seriam palavras diferentes em outras línguas. Um exemplo é a língua esquimó, falada principalmente no Alasca.

Agora que falamos um pouquinho sobre a parte teórica, seguem aqui algumas músicas cantadas nas línguas que estudamos hoje. (Infelizmente não encontrei músicas na língua esquimó, que é um exemplo de polissintéticas, porém disponibilizei um vídeo de uma música em Inuktitut**)


                   1) Música em chinês, um exemplo de língua isolante;

2) Música em turco, exemplo de língua aglutinante;

3) Música em russo, exemplo de língua flexional;


4) Múscia em Inuktitut, língua polissintética





* As línguas não pertencem exclusivamente a um tipo, e sim reúnem aspectos predominantes que as caracterizam em determinada tipologia. 

** Inuktitut é uma língua falada no Canadá, em todas as áreas ao norte da Linha das Árvores, incluindo parte das províncias de Terra Nova e Labrador, Quebec, no nordeste de Manitoba e o território de Nunavut, os territórios do noroeste, e, tradicionalmente, na costa ao Oceano Ártico de Yukon. Pertence à família esquimo-aleutiana de línguas. E também pode ser classificada como língua polissintética.