sábado, 25 de maio de 2013

Entendendo a palavra

    Ciao! Hoje a postagem é especial, pois está sendo publicada diretamente da Itália! Isso mesmo, estou passeando por aqui, mas não poderia deixar minhas obrigações de lado... Então vamos lá!
Para relembrar, no post anterior vimos um pouco sobre os processos morfológicos que ajudam na constituição do vocábulo formal, e agora veremos sobre algumas unidades que formam a palavra. Veja os exemplos abaixo:


PEDRA
PEDREIRO
PEDREGULHO
APEDREJAR
PEDRARIA


   Observando essas palavras, o que elas têm em comum? É o elemento - pedr que aparece em todas as palavras, e é chamado de radical, pois indica o significado básico da palavra. Para Valter Kehdi "o radical corresponde ao elemento irredutível e comum às palavras de uma mesma família". Quando um grupo de palavras têm o mesmo radical são chamadas de palavras cognatas, como é o caso das palavras acima.
   Ainda observando o grupo de palavras, podemos verificar outro elemento constituinte do vocábulo: a raiz. A raiz tem por definição ser um morfema primitivo, originário que trás consigo o núcleo do significado e que permite que mesmo unido à outros elementos seja possível que identifiquemos seu significado, nesse caso a raiz das palavras acima também é -pedr

Agora observe o seguinte grupo de palavras:


DESMENTIR
RELEMBRAR
FELIZMENTE
CRUELDADE

   Vamos analisar agora os morfemas em vermelho. Eles são chamados de afixos pois se juntam ao radical para formar novas palavras. Eles podem ser inseridos a frente (prefixos),no meio (infixos) e atrás (sufixos). Vale lembrar que eles não têm a função de flexionar as palavras, mas sim formar novas.
   Outro elemento fundamental na construção das palavras são as desinências. Esses morfemas têm a função de flexionar as palavras variáveis. Podem ser divididas em desinências nominais e verbais. As desinências nominais indicam as flexões de gênero e número, já as verbais flexionam os verbos em número, pessoa, modo e tempo. Como por exemplo:


MENINAS desinência nominal de número  ALUNdesinência nominal de gênero  
FALÁVAMOS – desinência modo- temporal  – desinência número-pessoal

   Por último, vemos as vogais temáticas. Elas são acrescentadas a raiz ou ao radical para que a palavra possa ser flexionada. Para Kehdi elas também podem ser divididas em nominais ou verbais.

Nominais (A,E,O) aparecem quando não há variação de gênero ou de número. Por exemplo: dente, pente, casa, corpo.

Verbais (A, E ou O, I) → indicam qual é a conjugação do verbo. Respectivamente, 1ª, 2ª e 3ª conjugação.

Agora veja essa tirinha da Mafalda:


 Podemos ver que o humor da tirinha acontece por causa do uso confuso das palavras. O amigo de Mafalda começa a conversa com uma frase que sozinha não tem o menor sentido e depois a palavra amassa se confunde com massa, o que cria um problema de interpretação. Por isso, no final Mafalda classifica a conversa como uma conversa literária...
   Aplicando ao que vimos nessa postagem, podemos observar que o prefixo A muda o significado da palavra, pois quando ele está junto com massa, significa o verbo amassar, mas quando está separado tem função de artigo e significa a massa que normalmente utilizamos para fazer tortas, bolos, salgados... Portanto, assim podemos ver a importância dos elementos morfológicos na construção das palavras.
















sábado, 11 de maio de 2013

Formas livres, presas e dependentes

       Dando continuidade ao blog, hoje veremos sobre a definição de vocábulo formal, mas para isso precisamos conhecer as formas que os constituem. As formas que veremos agora foram propostas por Leonard Bloomfield (1933), famoso escritor, considerado o fundador da linguística estruturalista norte-americana.
Para ele, existem três formas:

Formas livres: Essas formas constituem uma sequência que pode funcionar isoladamente, como comunicação suficiente. Elas têm o poder de transmitir, sozinhas, um significado completo. Portanto, essas formas são livres, têm liberdade de serem auto suficientes...
Formas livres mínimas: Os vocábulos desse tipo de forma não excedem seus limites. Ou seja, não podem ser mais divididas, pois estão na sua forma mínima. Exemplos: paz, bem, luz... 



     Formas presas: As formas presas não funcionam sem uma ligação com outras formas. Elas não são livres para saírem transmitindo significados, sempre dependerão de uma ajuda para forma um vocábulo. Apesar de ser uma forma restritiva, ela tem uma importância grande pois dá sentidos diferentes aos vocábulos. Como por exemplo é a função de -re nas palavras rever, relembrar, refazer, reviver.



    Segundo a proposta de Bloomfield, essas são as três formas que constituem o vocábulo formal. Porém com  o passar do tempo, viu-se necessário adicionar mais uma forma à essas três. É aí que então, o grande linguista brasileiro Mattoso Camara Júnior (1967) propõe as formas dependentes.

Formas dependentes: Essas formas não funcionam como enunciado, mas ajudam não construção de frases e orações. É o caso dos artigos, conjunções e preposições, por exemplo.


Visto isso, a palavra pode ser constituída de:
* uma forma  livre mínima; indivisível = leal; luz; paz; bem.
* duas formas livres mínimas = beija-flor; couve-flor.
* uma forma livre e uma ou mais formas presas = leal-dade; in-feliz-mente.
* apenas de formas presas = im-pre-vis-ível.

     Por fim, agora que já aprendemos sobre as formas que constituem o vocábulo, podemos concluir que o vocábulo formal é a unidade que se chega quando não é mais possível a divisão de duas ou mais formas livres. As imagens foram colocadas com a intenção de inserir um gênero textual diferente, que é a imagem, e que se harmoniza com o tema que foi falado nesta postagem. Portanto, a primeira imagem nos transmite um sentimento de liberdade, o que se associa as formas livres. Na segunda foto vemos um arame farpado que geralmente é usado em cercas e também nos lembra algo que está preso, assim como as formas presas de palavras. Por último, a terceira imagem nos mostra a relação entre pai e filho, que também é uma relação de dependência assim como as formas dependentes proposta por Mattoso Camara Júnior.